JANTAR VÍNICO

A “Gastromania” de Luís de Sttau Monteiro


Lisboeta de gema, Sttau Monteiro foi escritor, romancista, dramaturgo e também jornalista, com presença em vários periódicos. Mas teve igualmente um papel relevante na área da culinária e da gastronomia. “Cozinhar era um dos seus prazeres, bem como a partilha das refeições com amigos e familiares”. Dizia que o melhor restaurante de Lisboa era em sua casa, onde muitos dos pratos servidos eram criações suas. E não gostava de repetir, antes surpreender os seus convidados. Afinal o que é um gastrónomo? “Aquele que gosta de boa comida e que conhece a arte da boa refeição”.
Ementa com a assinatura criativa do Chef Vítor Dias, inspirada pelas receitas de Luís de Sttau Monteiro, numa conjugação harmoniosa com os Vinhos da Região de Lisboa especialmente seleccionados para esta ocasião.

Hotel Quinta das Lágrimas
Sábado
19h30 — Welcome Drink (Sala da Música)
Apresentação do livro “Luís de Sttau Monteiro, Gastrónomo”, de Ana Marques Pereira, por Maria da Graça Pericão
20h00 — Jantar (Sala Jardim)
Apresentação de Vinhos de Lisboa – Um Terroir a Descobrir

Preço: 40,00 €
Lotação Limitada. Reservas até 9 de Outubro para:
918 431 155, 962 610 050
mundodovinho10@gmail.com
facebook.com/omundodovinho


EMENTA

Salmão em Gravlax com Gaspacho de Beterraba, ovas de salmão e maionese de molho de coentrada
(Entrada)

Pá de Cabrito confit, chutney e pickles caseiros de ananás e cebolinhas, pimentão e Rosti
(Prato Principal)

Mil folhas de creme de avelã, gelado de figo pingo mel e seus apontamentos.
(Sobremesa)

Sttau Monteiro é “um gastrónomo na verdadeira acepção do termo”. Luís Sttau Monteiro desempenhou um papel relevante na área da culinária e da gastronomia, escrevendo para o Almanaque, para o suplemento A Mosca, do Diário de Lisboa, para o semanário O Jornal ou o jornal Se7e. Crónicas e artigos que o tornaram ainda mais conhecido junto do grande público. Tudo começou em 1959. Os títulos das crónicas variavam: Gastronomia, Gastromania, Restaurantes, O Petisco, Aperitivo (sobre bebidas e cocktails), “Culinária”. Crónicas e rubricas, algumas não assinadas, outras sob pseudónimo (mais de uma dezena). Paulo Santana é um deles. Manuel Pedrosa ou Inspector Gourmet, outra bem humorada escolha. Os títulos eram sempre sugestivos: “Carta de instrução ao perfeito bebedor”, por exemplo. A prosa, sempre rica, mordaz, evidenciando uma cultura gastronómica de respeito. A sua actividade de crítica gastronómica foi pioneira (ou quase). Mas também publicou receitas e criou fichas de restaurantes, incluídas no “Guião gastroeconómico de Lisboa”. As críticas a restaurantes incidiam sobretudo na comida portuguesa tradicional. Escreveu também textos gastronómicos de pendor historicista (“Acto de comer e os seus mitos”, por exemplo). Foi autor do programa televisivo “Caldo de Pedra”, dando a conhecer a culinária e doçaria tradicionais de Portugal. “Come-se, antes de mais, com a fé”, afirmava, para explicar as diferenças alimentares na Península Ibérica dos cristãos, muçulmanos e judeus.


Terra de dispersão e pluralidade, a Região dos Vinhos de Lisboa é muitas vezes referida como uma terra de paradoxos e diversidade, resultado da diferenciação de solos, castas, ventos e de tantos outros aspectos que incluem o próprio Homem. Uma diversidade que é transportada para os vinhos quando consideramos factores como a cor, a riqueza alcoólica, a acidez, a estrutura, o aroma e até os preços. Espelho desta diversidade são os grupos em que se dividem os vinhos da região: VINHO COM DENOMINAÇÃO DE ORIGEM | VINHO REGIONAL | VINHO LICOROSO | VINHO LEVE | VINHO DE MESA | AGUARDENTE VÍNICA | AGUARDENTE BAGACEIRA | ESPUMANTE | UVA DE MESA. A Região de Lisboa contempla as denominações de origem: Alenquer, Arruda, Bucelas, Carcavelos, Colares, Encostas d’Aire (Alcobaça e Medieval de Ourém), Lourinhã, Óbidos e Torres Vedras e ainda a indicação geográfica homónima (“Vinho Regional Lisboa”).


Vítor Dias Nasceu em 1980 e é natural de Cantanhede. Ingressou na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, e no decurso da sua vida escolar, estagiou na Pousada Santa Marinha, em Guimarães e no Hotel Mercure, na Figueira da Foz. Concluído o curso, integrou a equipa do Hotel Quinta das Lágrimas, liderada pelo Chef Albano Lourenço, tendo como consultor o Chef Joaquim Koerper. A partir de 2006, foram vários os desafios profissionais, nomeadamente para chefiar a cozinha do Marialva Park Hotel. Regressa em 2008 ao Hotel Quinta das Lágrimas, assumindo o cargo de subchefe do Restaurante Arcadas, até 2015, data a partir da qual lhe é entregue a liderança da equipa. Vítor Dias privilegia uma cozinha cuidada e criativa, respeitando a sazonalidade dos produtos, cuja origem maioritária é da própria região. No Restaurante Arcadas, tem como principal missão servir bem, surpreendendo o cliente com uma oferta original e apelativa. Um desafio diário que o anima a fazer mais e melhor, com entrega e paixão, num espaço único e com uma singular história.


Maria da Graça Pericão Licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), onde obteve também pós-graduação no Curso de Bibliotecário-Arquivista. Exerceu a sua atividade na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (Secção de Reservados) 29 anos e, mais tarde, na Faculdade de Medicina (7 anos). Simultaneamente, e ao longo de 26 anos, lecionou as cadeiras de Livro Antigo e Conservação e Restauro na FLUC, no Curso de Especialização em Ciências Documentais. Desempenhou várias missões na área da sua especialidade, tanto em Portugal como no Brasil e em Roma. Proferiu palestras em variados pontos do país e no Brasil, versando os temas da História do Livro e da preservação do património bibliográfico, tendo publicado numerosos trabalhos nestas áreas, assim como estudos bibliográficos de variados fundos antigos e raros, assim como de terminologia como o “Dicionário do Livro” publicado em três edições sucessivas em Portugal e uma outra na Universidade de S. Paulo (Brasil). Neste momento prepara um outro trabalho na mesma área da terminologia que está a ser supervisionado por um Professor da Universidade de Lisboa, desta vez numa disciplina completamente diferente.

Em 1987, publicou a sua primeira abordagem ao tema da gastronomia portuguesa, com a atualização (em co-autoria) da “Arte de Cozinha”, de Domingos Rodrigues, o primeiro livro de cozinha impresso em Portugal, cuja 1.ª edição data de 1680. Esta obra viria a ser reeditada 30 anos depois (Relógio d’Água, 2017). Uma vez aposentada e a par com outros trabalhos de investigação na área do livro antigo, a história da gastronomia passou a ser o foco das suas atenções, daí a publicação de um vocabulário gastronómico com o título “Do comer e do falar tudo vai do começar” (Relógio d’Água, 2015), em coautoria com Ana M. Pereira. Procedeu à leitura paleográfica e atualizada de um manuscrito existente na Biblioteca Nacional, intitulado “Receitas de milhores doces e de alguns guizados particulares e remedios de conhecida esperiencia”, da autoria de Francisco Borges Henriques, que seria publicado em 2021, num e-book na Relógio d’Água, com um estudo prévio de Isabel Drumond Braga. No mesmo ano transcreveu para linguagem atualizada um manuscrito do século XIX, originário de uma família da Beira Baixa, “Cadernos do Dominguizo”, a cuja leitura procedeu, estando o respetivo estudo a cargo de Ana Marques Pereira. Em breve publicará o segundo livro de cozinha impresso em Portugal, datado de 1780, exatamente cem anos após a publicação da “Arte de Cozinha”, com o título “Cozinheiro Moderno ou Nova Arte de Cozinha”, da autoria de Lucas Rigaud.


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