
Em busca do pão perdido
com Patrícia Miguel (fundadora do Projecto Bruta) e José Vieira Lourenço
Moderação de Inês Moura
Farinha, água e sal, três ingredientes simples que dão a provar um pão bruto e sincero. Feito com as mãos e moldado pelo pensamento. Na semana em que se comemora o Dia Mundial do Pão, vamos conhecer o projecto Bruta que privilegia a produção de pão do tempo longo e se dedica à pesquisa e investigação do mapa relativo ao Ciclo do Pão em Portugal. Nesta conversa, falaremos do valor do tempo, interpelado pelo João Vieira Lourenço e pela filosofia.
No final da sessão, pão e vinho sobre a mesa!
com Noster Taberna&Wine Bar
Semente Atelier (Seminário Maior de Coimbra)
Sábado, 11h00
Entrada livre. Lotação limitada

Padaria Brutalista, porque, tal como na Arquitectura homónima, queremos que tenha uma estrutura à vista, produtora de um pão que mostre aquilo que é, sem rodeios, sem farinhas mansas. Um pão sem açucares refinados, aditivos, conservantes ou melhorantes. Bruto, porque sincero, e porque feito essencialmente de farinha, água, mãos, sal e pensamento. Bruto, porque tal como nos espumantes Brutos, bem fermentado. Na Padaria Brutalista produz-se, em Coimbra, pão fresco levedado com Mãe, de fermentação de 24h, 48h, ou mais, usando exclusivamente farinhas biológicas. Tendo vários pontos de recolha em lugares estratégicos na cidade, no entanto, a Padaria Brutalista é uma Padaria Pop-up, não produz pão todos os dias, nem mesmo todas as semanas. Este espaço de produção é também um laboratório para experiências.
Aqui é respeitado o consumo milenar dos grãos, num elogio às fermentações saudáveis, porque muito longas e lentas, onde a verdadeira intolerância severa será a intolerância à pressa. Os pães Brutos são feitos a partir de farinhas biológicas e sempre que possível irão conter também grãos locais, ou cultivados na proximidade possível, moídos em mós de pedra, e, frequentemente, moídos na hora. A Padaria Brutalista produz também crackers de Mãe, feitas com farinhas biológicas e sujeitas a fermentações longuíssimas, e por isso, excelentes para a digestão. Privilegia os pães cozidos em formas, pois representam uma poupança significativa em termos de energia eléctrica – o que não só é melhor para o ambiente, como também permite priorizar o aumento dos custos no uso de farinhas biológicas e no uso de grãos de maior qualidade. Mas também faz pães de forma livre!
Mais informações em https://projectobruta.com
Patrícia Miguel, fundadora do Projecto Bruta - um projecto dedicado ao Pão que existe com esta designação específica desde 2023, embora tenha sido criado em 2020 enquanto “The Breadhead”.
Reside em Coimbra, é Arquitecta de formação desde 2001, com experiência em projectos de Arquitectura e em Ensino Superior, no entanto, tem-se dedicado à pesquisa de metodologias sustentáveis artesanais e contemporâneas relativas ao ciclo do fabrico do Pão. Tem divulgado, esse percurso e aprendizagens, na página de Instagram @projecto_bruta.
Actualmente está a desenvolver em projectobruta.com a possibilidade de divulgar estas informações de forma organizada e geo-referenciada, naquilo que é o primeiro projecto de mapeamento digital do Ciclo do Pão em Portugal colaborativo, de todos para todos.
Esta Plataforma on-line projectobruta.com foi co-financiada e desenvolvida com os programas de aceleração Empreende + 2022 (Município de Coimbra/Região de Coimbra/ Instituto Pedro Nunes) e Tourism Co-Lab 2023 (Turismo de Portugal).
Impulsionada por um curso dado pelo Alto Comissariado para a Imigração, em 2022, a Patrícia licenciou uma cozinha doméstica para produção industrial, que hoje é a (micro) Padaria Brutalista, dedicada ao fabrico de Pão fresco diferenciado e, sobretudo, experimental. Iniciou também actividade agrícola, ligada ao cultivo de trigos
antigos portugueses em terrenos localizados em Vila Nova de Poiares.
Frequenta, neste momento, o curso de dois anos BALM - Diploma on Baking as Lifestyle Medicine, da Sourdough School, com uma bolsa de reconhecimento pelo seu trabalho de voluntariado em torno do ciclo do Pão em Portugal nos últimos 5 anos. Este curso tem reforçado intensamente o interesse do Projecto Bruta por práticas sustentáveis e saudáveis, quer para o território, quer para as pessoas.
Está a desenvolver com a Ana Branco a possibilidade de realização da Festa do Pão do Tempo Longo, no Município de Coimbra, um encontro que será focado nestas práticas, ancestrais ou contemporâneas, olhadas pela ciência sob o questionamento: “O que é um Pão sustentável e saudável?”.

José Vieira Lourenço é da colheita de Agosto de 1952. Estudou Teologia e fez a licenciatura e o mestrado em Filosofia Contemporânea, na Universidade de Coimbra. Professor aposentado do Ensino Secundário, ensinou Português, Filosofia, Psicologia, Sociologia, Teatro e Oficina de Expressão Dramática. Foi, igualmente, professor do Ensino Superior, na Universidade Católica de Leiria e no Instituto Superior Miguel Torga, em Coimbra. Descobriu bem cedo a sua paixão pela poesia, pela literatura, pela música e pelo teatro.
Gosta de passear a pé na companhia do seu cão.
O Semente Atelier é um espaço cultural, situado no campus do Seminário Maior de Coimbra, com programação autónoma que abarca diversas áreas culturais e artísticas, sustentada em pilares que incluem a interdisciplinaridade, a interculturalidade, a intergeracionalidade e a sustentabilidade, selando o nosso compromisso com a cidade e a sua população e trazendo um toque de inovação no acesso à cultura e à experimentação artística.