O DOURO, O VINHO, AS FAMÍLIAS INGLESAS, A POLÍTICA

Pela segunda vez consecutiva, tivemos a honra e o privilégio de receber o programa RADICAIS LIVRES [Antena 1] na Sala da Música, no Seminário Maior de Coimbra, com cuidados técnicos de Jaime Antunes e produção de Ana Fernandes. «Não há política sem vinho», mote para início de conversa entre Jaime Nogueira Pinto e Pedro Tadeu, moderada por Maria Flor Pedroso. Falou-se inevitavelmente do Vinho do Porto: da importância política e económica do Tratado de Methuen (1703) [Portugal escolheu «ser pobre mas livre»] ou das movimentações sociais desencadeadas, com as primeiras famílias inglesas a instalarem-se no norte do país. Referiu-se o confronto à época das ideologias na economia, a separar os liberais dos protecionistas, discussão entretanto diluída face à realidade dos dias de hoje a exigir a procura de soluções «contra-intuitivas». Lembrou-se o Marquês de Pombal e a criação de monopólio com a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro. Escutou-se um breve registo de um filme documentário sobre os Barcos Rabelos, a testemunhar a dureza e o esforço brutal na subida do rio Douro em contra-corrente. Mencionaram-se os números recentes que apontam Portugal como o primeiro país na Europa no consumo de vinho per capita, num tempo em que a qualidade dos vinhos de mesa, as técnicas de produção e a inovação comercial evoluíram consideravelmente. Sem esquecer, por último, o primeiro romance de Miguel Torga [1945], Vindima, uma descrição impressiva sobre a força humana dos trabalhadores rurais, um Doiro atribulado, de classes, injustiças, suor e miséria. Obrigada, RADICAIS LIVRES, pelo magnífico programa que nos proporcionaram. Até 2025!